Arquivo de julho, 2013

“El Caminante” e “Il Viandante”

Publicado: julho 17, 2013 em Conto

El Caminante
Tradução – De Pedro Julio Triana Fenández

“Son las tres y veinte minutos de la madrugada, estoy con insomnio; escribir sobre Thoth me consume los días. El cuerpo ya no obedece lo que las palabras intentan decir. Muchas veces ellas aparecen y me despiertan en medio de la noche. Los ojos están cansados y el cuerpo en un estado lamentable. Necesito parar.” En pasajes como ese, el lector del romance de Marcos Torres siente el balance narrativo de la obra volcarse para uno de sus lados y consigue recuperar el aliento para, en seguida, envolverse de nuevo en un movimiento pendular. El péndulo oscila entre la historia de un caminante, Thoth Fênix, narrada en primera persona, y la misma historia, sutilmente transformada, narrada por su amigo Matheus Leão Adonias, confidente de Thoth en sus andanzas por Brasil y lector privilegiado de cartas enviadas por éste desde diversas partes del mundo.
Tejiendo una narrativa desde diferentes ángulos, Marcos Torres, investigador que se dedica a los estudios de las voces discursivas en biografías y autobiografías, se muestra un autor audaz en un escenario contemporáneo en que pocos consiguen realmente dar voz a personajes transformados en autores de sus propias historias.
Thoth no es objeto, es sujeto de la historia narrada por Matheus. Ambos, al mismo tiempo, son sujetos que dialogan con la voz autoral de El Caminante. Así, el lector tiene en sus manos un objeto estético marcado por la polifonía tal cual la postulaba Bakhtin para las obras de Dostoiévski: una pluralidad de voces narrando y narrándose sin ninguna de ellas ser central o ser responsable por orquestar las demás.

Por Adriana Pucci

Il Viandante
Tradução e Prefácio – De Mauro Porru

PRESENTAZIONE

Niente è sicuro nella vita del viandante Thoth Fênix. Sotto il peso di un nome che contempla il divino e la resurrezione, quest’uomo di quasi quarant’anni, di probabile origine egiziana, improvvisamente decide di abbandonare il mondo del lavoro e scollegarsi dalla società degli eccessi, dagli stimoli esasperati, dal traffico, dal rumore. Una società in cui le senzazioni e i fatti sono divorati più che incontrati, le distanze accorciate e i tempi ridotti. Una società che ci dà l’illusione di poter accedere al mondo con più facilità, quando, in realtà ce ne stiamo allontanando. A causa di tutto ciò, Thoth Fênix diventa un viandante, comincia un lungo viaggio senza meta, senza una data definita per tornare. Invece di lasciarsi frastornare dalla frenesia della vita contemporanea, preferisce allontanarsene, dissociarsi dal ritmo superaccelerato della modernità e cerca una condizione riflessiva che gli permetta di recuperare spazi e tempi trascurati o di godersi posti paradisiaci, meravigliosi e spettacolari inesplorati. Con il suo sguardo sensibile che vede dove non si può vedere ad occhio nudo, entriamo in contatto, nello svolgersi della trama, con i posti visitati dal viandante: posti poco esplorati, posti dove tutti vorrebbero andare almeno una volta nella vita.
Simile alle sabbie mobili, la narrazione procede di forma ibrida e frammentaria. Un pastiche intertestuale che, allontanandosi da forme sistemiche e armoniche, assume la configurazione di un collage, in cui si accumulano molteplici citazioni tratte da fonti diverse. Un modo di narrare eclettico che elimina le barriere tra la scrittura ed altri saperi come storia, geografia, architettura, botanica, biologia, antropologia, cinema e poesia.
Un movimento ondulare conduce lo sviluppo della trama narrata in prima persona da Thoth e in terza persona dall’amico Matheus Leão Adonias, suo interlocutore privilegiato e fedele depositario delle sue memorie. Il tempo della narrazione, per la propria conformazione della scrittura che assume toni diaristici, nonostante sembri sicuro all’inizio – São Caetano do Sul, São Paulo, giovedì, sette febbraio duemilaotto. Sono le ore undici e dieci minuti -, nel corso della narrativa diventa incerto, intercalandosi al tempo della storia.
Il grande assente, nel romazo Il viandante, è Eros nella sua accezione di impulso sessuale. La propria voce autoriale avvisa che il testo ha un tono asessuato. Di questo Thoth moribondo che spesso non viene neanche notato, conosceremo appena le sue aspirazioni e le sue debolezza. Assisteremo alla sua ricerca di un Soggetto atemporale e trascendentale; un Essere che barcolla nel buio. Il “fare” di questo viandante, con tutte le sue connessioni riguardo al rapporto della vita con la società, è sostituito dall’ “essere”, tramite i suoi tipici interessi in cui si contempenetrano l’interiorità, l’Io, la sua consistenza, essenza e significato.
Thoth, nel suo estremo desiderio di libertà, sceglie essere “se stesso”, senza cedere alla tentazione di adeguarsi ai ruoli prestabiliti dalla società e dalla cultura in generale e manifesta, alla fine, un’ aspirazione all’eternità, identificandosi con l’ibis, quell’uccello che muore e rinasce dalle ceneri il giorno dopo in un posto sconoscriuto.

Por Mauro Porru

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Os Poemas Suspensos [AL MUALLAQATI]

Publicado: julho 14, 2013 em Poesia

POESIA ÁRABE

Os Poemas Suspensos [AL MUALLAQATI]
Tradução direto do árabe, Introdução e Notas.
Alberto Mussa

A tradição epigráfica árabe é longeva e, segundo Mussa, ultrapassa um milênio, cuja antiga escrita do sul deve ser considerada para esta marcação temporal, especialmente para falar propriamente em literatura árabe a partir da fixação escrita do alcorão, após a morte do Profeta, em 632. Trata-se de uma poesia que veio de uma tradição oral e posteriormente compilada e transcrita de uma cultura beduína e poesia pré-islâmica recitada pelos beduínos, sem que estes tivessem os recursos da escrita, mas somente esses textos armazenados na memória. (2006, p. 9).

Segundo Alberto Mussa, “Os Poemas Suspensos, como as cassidas em geral fala da mulher que o beduíno ama; da natureza que o cerca, das coisas que lhe são mais caras e essenciais à vida; a camela e o cavalo; dos prazeres da vida: a caçada, o jogo, o vinho; das qualidades essenciais do homem: generosidade, coragem, lealdade, sabedoria.” (2006, p.13).

A concisão é uma das características básicas importantes da poesia pré-islâmica, sendo cada verso desenvolvido para corresponder a uma unidade sintática completa, mesmo sendo ligada aos versos precedentes ou subsequentes, ficando desse modo subordinadas a esse traço todas as figuras de discurso ou linguagem. (2006, p.14).

Para falar sobre o conceito, Mussa diz que “tange a ideia de plenitude e perfeição do gênero humano; e compreende, em síntese, a capacidade de suportar as hostilidades do deserto, de enfrentar e derrotar os inimigos, de ser capaz de garantir a sobrevivência coletiva.” Outro ponto importante é o ato de bravura e ousadia, “pela vitória nas guerras, pela lealdade incondicional à tribo, pela obstinação em vigar o sangue dos parentes, pelo estoicismo diante do afastamento da mulher amada, pelo esbanjamento da riqueza, pelo sacrifício de bens essenciais à vida.” (2006, p. 15).

A poesia árabe tem uma força poderosa, especialmente quando versada no contexto da cultura beduína; “o beduíno árabe se considera superior às demais espécie de homem, porque é só no seu mundo inóspito e hostil que se pode alcançar a plenitude de “murua”. Por isso ele é mais perfeito, o mais nobre, o mais bonito, o mais forte, o mais capaz, o mais livre, o mais feliz.” (MUSSA, 2006, p.15)

[Seções do poema de Tárafa (42-77)]

42 Quando a tribo indaga: “Quem é o valente?” – suponho seja eu a quem aludem, por não ser preguiçoso, por não demonstrar estupidez.

43 E envelheço, empunhando o meu chicote, montando na minha camela, que dispara quando uma miragem tremula no solo rochoso, reverberante,

44 e arrasta a cauda, como faz a dançarina, mostrando ao amo as barras de um vestido largo e branco, de fio não traçado.

45 Não me escondo, com medo, nas ravinas altas; é a mim que a tribo chama quando pede socorro.

46 Quem me procura nas assembléias, me encontra; quem segue meu rastro pelas tendas de vinho, também.

47 Quem vem a mim amanhece com um cálice abundante, quem o recusa – por ser rico – que fique então com sua riqueza, e a acrescente!

48 Quando o clã se reúne, estou sob o vão mais alto da tenda mais nobre, a que todos se dirigem.

49 Meus comensais são imaculados como estrelas – e à tarde vem nos distrair uma escrava de túnica listrada e açafronada,

50 que deixa exposta uma ampla abertura na frente da túnica: é indulgente com as carícias dos convivas; e delicadas, as partes que desnuda.

51 Quando pedimos: “Canta!” – ela nos encara, lenta, suave, espontânea,

52 e sua voz é como o eco das camelas que perderam os filhotes nascidos na primavera.

53 Nunca parar de beber vinho, de gozar a vida, de vender e dar o que conquistei e o que herdei!

54 Fui renegado em minha própria família, banido como um camelo untado de alcatrão.

55 Mas vejo que os filhos da terra não me rejeitam, nem o povo destas amplas tendas de couro.

56 Aquele que me repreende, por estar no tumulto da guerra ou gozar dos prazeres da vida, pode me dar a imortalidade?

57 Se não podes me manter afastado da morte, deixa que eu corra para ela, com o que tiver nas mãos!

58 Não me importaria com a visita dos que velam os mortos, não fossem três prazeres de jovem:

59 um trago de vinho tinto, que começa a espumar misturado com água, transbordando do cálice (isso é o que em mim mais censuram);

60 um combate a cavalo, quando me convocam, num garanhão de patas recurvas, como o chacal dos bosques sombrios, prontos a emboscar os que vêm beber;

61 e um lânguido, quando o céu se encobre de nuvens negras – maravilhosas nuvens negras –, sob uma tenda bem fincada, com uma mulher bela e carnuda,

62 cheia de braceletes e pulseiras, como se perdessem do trono imaculado de uma asclépia ou de uma mamoneira.

63 O nobre bebe até se encher, a vida inteira; se morrermos amanhã, saberás quem de nós terá mais sede.

64 Vejo que o túmulo do avarento mesquinho sepulto com seus bens, é o mesmo do perdulário que se entrega ao ócio:

65 dois buracos cavados na terra sob duas largas lápides maciças.

66 Vejo a morte escolher os nobres e eleger o melhor dos bens do pior dos avarentos.

67 Vejo que a vida é um tesouro oculto, que míngua a cada noite; e que os dias encurtam; e que o prazo final se esgota.

68 A morte, enquanto não presta atenção no jovem, e como uma rédea solta, mas sempre presa à mão do cavaleiro.

69 O que há em mim para que o filho do meu tio, Málik, se afaste e se isole quando tento me aproximar?

70 Ele me criticou – e eu não sei por que me criticou – como fez Qurt, filho de Mabad, diante do clã.

71 Tirou-me, assim, toda a esperança de obter clemência, como a quem deposita um cadáver na cova.

72 E eu não tinha dito nada, senão que procurei e que não descuidara da camela de Mabad.

73 Pois sempre honrei meus parentes e juro pelos teus antepassados que estarei presente nas situações difíceis.

74 Se me convocam numa grande causa, estou entre os defensores; se os inimigos vêm impetuosamente contra ti, eu os combato.

75 Se Vêm atirar obscenidades contra tua honra, faço-os beber um cálice dos tonéis da morte, antes de te ameaçarem.

76 Sem que tenha feito nada, agora me satirizam, me injuriam, me acusam, me exilam.

77 Se meu primo fosse um outro homem, seria diferente: consolaria minha aflição ou esperaria o dia seguinte.