Arquivo de agosto, 2013

MORAL ESQUECIDA

Publicado: agosto 6, 2013 em Conto

MORAL ESQUECIDA

Este final de semana li um artigo de João Ubaldo Ribeiro (doravante J.U.R.), “Nós, os desordeiros”, publicado na “Revista Veja” em 7 de agosto de 2013 (curiosamente, a revista é entregue nas bancas e nas residências antes da data de sua publicação impressa na capa). Confesso que em muitos momentos tenho posições muito divergentes das de J.U.R. (nada de novo e tudo perfeitamente natural entre sujeitos críticos). Preciso dizer que não estou falando do J.U.R. escritor ou colunista e sim do J.U.R., cidadão, pessoa física, embora saiba que pode haver uma imbricação entre os dois sujeitos, não há como saber qual o limite entre um e outro. Em relação a este artigo eu concordo plenamente com as reflexões e críticas de J.U.R.

Uma parte significativa da sociedade vive “imersa num mar de pequenas delinquências cotidianas.” Os valores morais parecem degradados ou mesmo numa UTI em estado quase vegetativo. Concordo com J.U.R., pois presencio isso quase cotidianamente, infelizmente. Conforme havia dito, há uma parte significativa da população que não consegue viver com os aparatos mais triviais de convivência nas suas relações sociais e afetivas; comportamentos simples do cotidiano que veio desde as primeiras civilizações, nada de novo sob este céu nublado e sem explicações.

Há um julgamento de toda ordem cujo outro é sempre o algoz. Os reflexos no espelho ficam nos espaços colaterais ou no rodapé da vida social, muitas vezes sem a menor importância. Os conceitos de bondade, generosidade, honestidade, solidariedade, cordialidade são muito contraditórios e muitas vezes duvidosos. A televisão e muitos jornais colocam em suas manchetes uma atitude ensinada desde as primeiras formações das sociedades antigas, nada de novo. Usam essas manchetes como algo espetacular que deve ser ‘ensinado’ curiosamente para uma sociedade tida atualmente como de povos bárbaros e selvagens ou mesmo sem o mínimo de escrúpulo no sentido lato dos termos, mesmo que a intenção seja ‘ensinar’ outra coisa.

Há uma dicção moralista muitas vezes tão rala quanto as cinzas de um fósforo. A sociedade ainda cultiva suas referências, mas o senso moral parece esquecido.

Não digo que fiquei totalmente satisfeito com o referido artigo, pois há uma comparação feita por J.U.R. que discordo: “Sem senso moral, o homem é um bicho ou um psicopata.” Vejo um pouco de exagero nessas comparações. É um “bicho”? Qual bicho seria então? Parece-me que todos os “bichos” têm o seu papel na natureza e inclusive giram num outro ‘time’. O homem como um psicopata também me parece um pouco demais; conheço um pouco sobre o conceito de psicopatia e entendo que talvez este termo não seja adequado para esta ocasião. Discordo dos dois termos utilizados, bicho e psicopata, mesmo sendo ambos utilizados como metáforas.

Abre aspas: Não existe nenhuma sapiência nestas minhas palavras, tudo já foi dito desde os primeiros sopros na terra. Então, muito cuidado aqueles e aquelas que de vez em quando chamam alguém de macaco ou gorila (isso jamais deveria acontecer, mas, como as utopias são sempre muito cambiantes, não custa nada sinalizar), lembrem-se dos macacos e gorilas do Congo que vivem em plena harmonia e jamais derrubam uma árvore ou jamais tiram algo da natureza além de suas necessidades. (Só para relembrar, eles são bichos, viu). Muitas vezes acolhem e aceitam um homem como se fosse parte de sua família, no exato oposto de muitos sujeitos que muitas vezes desprezam os seus ‘semelhantes’.

Um dia irei ao Congo buscar um pouco da sabedoria dos gorilas e dos macacos que vivem serenamente nas lindas florestas de Visoke, no Congo, além das montanhas e vulcões de Virunga. Talvez aprenda algo com a sabedoria deste grupo de seres vivos, e de volta traga um pouquinho de sua sapiência e deixe para trás esta tamanha estupidez!!!

Marcos Torres

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