23.
habit-ações…
quantas pernas bamboleantes…
por que lá a maré nunca está boa?
e esta fuligem, este rio que passa sem ao menos dizer um adeus,
em meio ao rumor do tráfego lá em cima nos viadutos.
e esses ameaçadores automóveis com seus olhos de serpente;
este metal duro e indiferente.
por que essa gente vive tão separada por essas margens,
de um lado olhos sonolentos,
olhando para o outro lado da margem,
em frente a um amontoado de cascos duros com dedos em riste quase tocando o céu
com tamanha indiferença, silêncio e separação…
por que essas águas não responde o meu grito?
quais epidermes moram nestas habit-ações?
não sei o que responder ao estômago quando ele começa a perguntar demais.
por que não encontro respostas para saciar o meu próprio corpo,
frágil e agonizante…
por quê?
m.t.
Foto e vídeo